GABRIELA GUERREIRO
RENATA GIRALDI
da Folha Online, em Brasília
Na primeira semana de atividades após o recesso parlamentar, dois senadores que se mantiveram afastados do foco das atividades legislativas nos últimos meses retornaram ao Congresso. Após quatro meses de licença, o ex-presidente Fernando Collor (PTB-AL) marcou presença, mas evitou circular pelo plenário da Casa, mantendo uma postura discreta.
O senador Renan Calheiros (PMDB-AL), ao contrário, fez questão de comparecer às sessões plenárias depois de enfrentar seis processos por quebra de decoro parlamentar no ano passado --além de ter renunciado à presidência do Senado.
O peemedebista, porém, evitou se envolver nas discussões sobre as denúncias de irregularidades no uso de cartões corporativo do governo. Ele preferiu falar de assuntos mais amenos nas intervenções em plenário.
Com a renúncia à presidência, Renan começou o ano legislativo em um novo gabinete. Ao invés da antiga sala próxima à biblioteca da Casa, Renan mudou-se para a ala destinada a ex-presidentes da República --considerada o "endereço" mais nobre nos corredores do Congresso.
Collor, por sua vez, ficou afastado do Senado para cuidar de assuntos pessoais. O senador aproveitou o período para atender a convites de palestras que recebeu desde que assumiu a cadeira no Legislativo. Collor retornou no ano passado ao Congresso --14 anos depois de renunciar à Presidência da República em meio ao processo de impeachment aprovado pelos parlamentares. Logo depois, saiu de licença.
O ex-presidente liderou, em 2007, o ranking dos parlamentares mais ausentes no Senado. Segundo levantamento realizado pelo site Congresso em Foco, ele não compareceu a 42,11% das sessões plenárias realizadas na Casa Legislativa ao longo do ano --o cálculo considera o período em que ele ocupava uma cadeira na Casa, ou seja, antes de pedir licença do mandato em agosto.
Estreante
Assim como Collor e Renan, o senador Edison Lobão Filho (DEM-MA) também apareceu no Congresso nesta semana. Estreante no cargo, o suplente do ministro Edison Lobão (Minas e Energia) assumiu a cadeira em meio a denúncias de sonegação de impostos, uso de laranjas e sociedade oculta em uma empresa de bebidas.
Discreto, Lobão Filho também optou por manter-se afastado das discussões políticas na Casa. Compareceu ao plenário, mas adiou o discurso de estréia. Segundo ele, as atenções do Senado estão voltadas para a criação da CPI Mista dos Cartões Corporativos --por isso não havia espaço para o seu discurso.
O senador começou o ano legislativo sem explicar-se sobre as denúncias. Ele também mantém sigilo sobre o seu futuro partido político, já que o DEM informou que não o deseja nos seus quadros. A tendência é que o senador se filie ao PTB, uma vez que o senador Epitácio Cafeteira (MA), a pedido presidente da legenda, Roberto Jefferson (RJ), o convidou para ingressar nos quadros da legenda.
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