segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Segunda capital mais violenta da Amazônia Legal, Cuiabá espera atuação de futuro prefeito na área de segurança

Karina Cardoso
Enviada Especial


Cuiabá (MT) - Em Cuiabá, capital de Mato Grosso, mais de 368 mil eleitores se preparam para ir às urnas. Cinco candidatos concorrem à prefeitura da cidade. Entre as propostas apresentadas por eles aos eleitores, estão melhorias no transporte coletivo e investimentos nas áreas de educação, saúde e, principalmente, segurança.

Os candidatos registrados no Tribunal Regional Eleitoral (TRE) de Mato Grosso são Mauro César Lara de Barros, do P-SOL, registrado como Procurador Mauro; Mauro Mendes, do PR; Valtenir Luiz Pereira, do PSB, registrado apenas como Valtenir; Walter Rabello, do PP; e Wilson Santos, do PSDB.

O Mapa da Violência dos Municípios de 2008, classificou Cuiabá como a sétima capital com a maior taxa de homicídios do país. São 45 assassinatos a cada 100 mil habitantes. A única capital da Amazônia Legal que está à frente é Porto Velho, em Rondônia, com 68 assassinatos a cada 100 mil pessoas.

Para o pesquisador na área de segurança pública da Universidade Federal de Mato Grosso Náudison Ramos da Costa, o futuro prefeito vai ter que se preocupar com políticas públicas de prevenção à violência.

“Não se vê propostas inovadoras, como dar aos jovens oportunidades de capacitação, de inserção no mercado de trabalho, oportunidades maiores na parte da educação, lazer, recreação e na parte da cultura”, reclamou o professor.

A dona de casa Benedita de Souza, de 71 anos, confirmou que a violência urbana é a questão mais preocupante na capital mato-grossense. “A gente não tem segurança de nada. Eu tenho medo de andar sozinha porque não tem segurança aqui na cidade.”

Nos anos 1970 e 1980, Cuiabá recebeu grande quantidade de imigrantes, o que resultou no crescimento desordenado da cidade, principalmente na periferia. É o que ressalta a estudante Regiane dos Santos, de 17 anos, que vai votar pela primeira vez. Segundo ela, o próximo prefeito precisa dar atenção especial às áreas carentes.

“Você vai aos bairros mais carentes, você vê falta de saneamento, poços na rua, esgoto a céu aberto, o transporte coletivo demora para passar, falta asfaltamento.”

Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2005 mostram que em Cuiabá há 260 estabelecimentos de saúde, que atendem a uma população de 527 mil habitantes.

Taxista há 31 anos na capital, Antônio Luis de Prado disse que o número de centros de saúde é baixo e que falta investimentos nessa área. “Aqui, precisa mais médico, mais enfermeira. Vem muita gente do interior para se tratar aqui na capital, aqui no Pronto Socorro de Cuiabá”, constatou ele.

A expectativa com as eleições é grande. Parte da população costuma se reunir no início de todas as manhãs e nos finais de tarde para levantar bandeiras de seus candidatos favoritos. Mesmo assim, a cidade está visualmente limpa, sem faixas e panfletos espalhados pelas ruas.

Segundo a ouvidoria do TRE de Mato Grosso, a população também está mais consciente sobre a legislação da campanha eleitoral. O número de denúncias contra candidatos e propagandas irregulares dobrou em agosto, em relação ao mês anterior.