sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Venda futura de soja chega a recorde de 61% da safra a ser colhida em MT (Postado por Lucas Pinheiro)

 A venda futura da safra de soja em Mato Grosso, principal produtor brasileiro, atingiu patamar recorde em 2012. Até setembro, 61,4% dos 24,1 milhões de toneladas do grão que serão colhidos em 2013 no estado já haviam sido comercializados.

Embora alguns agricultores já tenham começado a semear o solo, a maioria dos produtores rurais aguarda a chegada das chuvas para iniciar o plantio 2012/13. A safra promete ser a maior da história, 11,6% maior em área plantada e com aumento de 12,9% em produção.

 O desempenho na venda antecipada da safra que ainda será colhida acompanha o ritmo de negócios da soja efetuados no Brasil, onde a comercialização futura passou para 46% na última semana, de acordo com a consultoria Céleres.

Segundo a empresa, houve aumento de 25 pontos percentuais em relação ao mesmo período do ano passado, com 29 pontos percentuais acima da média dos últimos cinco anos. A consultoria aponta safra de 78,1 milhões de toneladas de soja no Brasil, número um pouco inferior aos 81 milhões de toneladas projetados pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA, na sigla em inglês).

Segundo os dados da USDA, o Brasil assumirá o posto de principal produtor mundial da cultura, superando os Estados Unidos, onde são esperadas 71,6 milhões de toneladas. A participação de Mato Grosso no total da produção brasileira deve se manter estável, na casa de 30%, segundo avaliação de analistas de mercado.

Para especialistas, o fenômeno inédito das vendas antecipadas é reflexo do oportunismo gerado pela quebra da safra americana e das perdas na América Latina. A menor disponibilidade de produto inverteu o cenário de preços. Somente em Mato Grosso, a saca de 60 quilos acumula valorização de 80% entre janeiro e agosto.

Analista de mercado do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), Cleber Noronha observa que em três meses - de março até maio - foram vendidos 43% da próxima safra de soja. Quem concretizou negócios nesta época aproveitou preços na faixa de R$ 46. Outros 18% foram negociados posteriormente em valores acima de R$ 50. "Em termos gerais, o produtor começou a vender a safra em valores baixos, mas os preços foram subindo [quando o mercado mudou]", disse ao G1.

Em Mato Grosso, a colheita de mais de 24,1 milhões de toneladas representa um acréscimo de aproximadamente 3 milhões de toneladas em relação ao número de 2011/12, quando foram colhidas 21,3 milhões de toneladas. Já o Brasil, cujo desempenho na última temporada foi 12% menor frente à safra 2010/11 (foram colhidas 66,3 milhões de toneladas de soja), a aposta é em uma recuperação. A maior parcela da oleaginosa colhida - em torno de 80% - será transformada em farelo. O restante vira óleo.

 Efeitos no preço dos produtos
O secretário-geral da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), Fábio Trigueirinho, ressalta que a elevação na safra nacional de soja contribuirá para equilibrar os estoques de farelo, favorecendo baixa nos preços do produto. Em 2012, os valores subiram exponencialmente em função da queda mundial na produção da oleaginosa. A concorrência pela soja em grão entre os compradores (nacionais ou internacionais), atrelada ao receio sobre a disponibilidade da matéria-prima, puxaram a alta.

"O impacto registrado em termos de preço foi quase que total no farelo. Com uma safra positiva [em 2012/13] a tendência é ceder o preço", disse. Já o preço do óleo também cresceu, mas em escala menor porque não tem somente na soja seu principal ingrediente de fabricação. "A concorrência para os óleos é maior e toda a alta que se vive foi muito forte para o farelo e bastante menor no óleo", completa o secretário da Abiove.

Segundo Trigueirinho, o grau adiantado de comercialização não influenciará nos preços do óleo de soja. Isto porque a operação visa capitalizar o produtor e não abrange a indústria.

 Fechando negócios
A prática de comercializar a safra antes mesmo de ser colhida consiste em capitalizar o agricultor para aquisição dos insumos necessários ao plantio e também para formar caixa para a atividade. "Em um primeiro momento, pagam-se os custos de produção. Depois, faz-se o caixa para movimentar as operações na lavoura, tanto de plantio quanto de colheita”, explica o analista do Imea Cleber Noronha.

Produtor rural no médio norte de Mato Grosso, Laércio Pedro Lenz vai plantar na próxima safra 900 hectares de soja no município de Sorriso, distante 420 quilômetros de Cuiabá e principal produtor mundial da cultura. Pelo menos 50% da lavoura já foi vendida, por uma faixa de preço média de R$ 42.

Os negócios foram iniciados ainda em março, mas a velocidade surpreendeu até mesmo quem tem na atividade agrícola a fonte de subsistência. "Não se esperava o que aconteceu. Mas a comercialização do restante da safra vai depender do mercado, dos preços, da conversão, custos de produção. Será preciso avaliar", ressaltou o produtor.

A região de Sorriso faz parte do maior celeiro produtivo de grãos do Brasil. O Médio-Norte de Mato Grosso é destaque no quesito venda da próxima safra de soja, superando inclusive a média do estado. De acordo com o Imea, 65% de uma safra estimada em 9,3 milhões de toneladas já foram negociados.

No Nordeste – que em 2012/13 vai expandir em 25,9% área destinada à sojicultura – o comprometimento da safra chegou aos 63% de uma produção calculada em 3,6 milhões de toneladas. No Oeste, a relação é de 60,6% de 3 milhões de toneladas.

Riscos da comercialização futura
Para o presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja), Carlos Fávaro, o volume de negócios fechados no estado superou até mesmo o nível considerado ideal para a comercialização. "A comercialização não pode avançar em um nível perigoso uma vez que se houver algum problema vai entregar o que?", questiona o dirigente.

 Em setembro de 2011, quando as vendas eram realizadas com foco na temporada agrícola 2011/12, a comercialização no estado alcançava 48%. De forma geral, 2012/13 representa um avanço de 13,4 pontos percentuais sobre o ano passado.

Glauber Silveira, presidente da Aprosoja Brasil, diz que o êxito nas operações vai depender do bom aproveitamento das oportunidades. "O produtor deve estar atento e realizar negócios com preços em patamares remuneradores nos próximos meses com a soja que ainda possui. Além disso, será possível antecipar negócios também para outra safra, o que permite ao produtor fixar custos e manter margens em caso eventual de queda de preços na próxima safra, que deverá ser maior que esta", frisou.

A previsão é que o Brasil exporte pelo menos 34 milhões de toneladas de soja na safra 2012/13. Na temporada passada, de acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o estimado era de 31,2 milhões de toneladas. Só Mato Grosso deve embarcar no próximo ano cerca de 12 milhões de toneladas.

sábado, 8 de setembro de 2012

Produção de grãos de MT responde por quase um quarto do total nacional

08 de setembro de 2012 - 08:00h 
Autor: Diário de Cuiabá 

Mato Grosso não apenas segue liderando a produção nacional de grãos e fibras na safra 2011/12, como também amplia a sua participação no total do país. De uma temporada para outra, o Estado aumentou em cerca de 28% a presença interna na produção de commodities. Na safra 2010/11, foi responsável por 18,98% e no ciclo 2011/12, passou a 24,30%.

Conforme dados do 12º levantamento divulgado ontem pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), em Brasília, a produção estadual somou 40,35 milhões de toneladas (t), volume sem precedentes para o Estado. O Brasil colheu 165,9 milhões t, o que revela uma participação mato-grossense de quase 25%. No ciclo passado, o Estado contabilizou 30,94 milhões t e o país, 162,80 milhões t. Mato Grosso respondeu por 18,98% do total. Comparando a evolução anual, há um incremento de 28%.

E a maior contribuição mato-grossense veio da soja e do milho, culturas que juntas somaram pouco mais de 36,86 milhões t, o equivalente a 91,35% do total contabilizado no Estado, 40,35 milhões t. A soja, carro-chefe do agronegócio local, somou recorde de 21,84 milhões t, respondendo por 54,12% do total de grãos e fibras desta safra.

Em relação à área plantada, o Estado ampliou em 13,8% a superfície cultivada, de 9,63 milhões de hectares (ha) no ciclo 2010/11 para 10,96 milhões em 2011/12. Do total semeado, a soja cobriu 63,68% da área, já que somou 6,98 milhões ha. Na comparação anual, houve incremento de 9,1%, ante área anterior de 6,39 milhões ha.

BRASIL - A produção recorde de 165,9 milhões de toneladas da safra de grãos 2011/2012 está mantida conforme dados do Mapa e da Conab, o que revela crescimento de 1,9% em relação à safra 2010/2011 – quando a produção atingiu 162,8 milhões de toneladas – e significa 3,1 milhões de toneladas a mais no volume total.

O destaque segue sendo o milho segunda safra, onde as condições favoráveis da cultura foram mantidas nas áreas de maior produção. Os dados mostram um crescimento de 73% ou o equivalente a 16,4 milhões de toneladas sobre a última safra, alcançando 38,86 milhões de toneladas. No ano passado foram colhidas 22,46 milhões de toneladas. Já a estimativa para as safras consolidadas (primeira e segunda safras) demonstra um aumento de 26,7% ou 15,32 milhões de toneladas, alcançando 72,73 milhões de toneladas do cereal.

A retração na soja (- 8,9 milhões de t) e no arroz (- 2 milhões de t) também foi confirmada. As reduções se devem, principalmente, às condições climáticas não favoráveis nas fases de desenvolvimento das culturas, quando as mais prejudicadas foram as lavouras de milho e de soja nos estados da região Sul, parte do Sudeste e no sudoeste de Mato Grosso do Sul. A forte estiagem nos estados nordestinos foi outro fator que contribuiu para as perdas e levou a região a uma queda de 22 % em relação à safra passada, ou seja, 3,53 milhões de toneladas de produtos.

ÁREA - A estimativa total de área plantada é de 50,86 milhões de hectares, com um crescimento de 2% ou 982,9 mil hectares a mais que a da safra 2010/11, quando atingiu de 49,87 milhões de hectares.

O milho segunda safra teve um crescimento da área cultivada de 23,1% ou de 1,43 milhão de hectares. A soja vem em seguida, com aumento de 3,6% ou 861,2 mil hectares a mais.

Por outro lado, as culturas de arroz e feijão apresentaram redução na área devido a problemas na comercialização, dificuldades climáticas na região Nordeste, falta de água nos reservatórios e aumento no custo de produção. O próximo levantamento de grãos ocorrerá no dia 9 de outubro e será o primeiro relativo ao período 2012/2013.