quinta-feira, 18 de junho de 2015

Menino de 7 anos morre intoxicado após comer couve em Mato Grosso

Polícia abriu inquérito para apurar se houve erro na aplicação de agrotóxico.
Criança passou por três hospitais e morreu na última segunda-feira (15).

Denise Soares Do G1 MT
Polícia abriu inquérito para apurar morte de criança que comeu couve da horta dos avós. (Foto: Arquivo pessoal)Polícia abriu inquérito para apurar morte de criança que
comeu couve da horta dos avós. (Foto: Arquivo pessoal)

Um menino de sete anos morreu depois de comer uma couve que estava contaminada com agrotóxicos, em uma fazenda de Porto dos Gaúchos, a 644 km de Cuiabá, onde morava com os avós. Após passar mal, a criança foi levada ao hospital e morreu na segunda-feira (15) em Tangará da Serra, a 242 km da capital.
De acordo com a Polícia Civil, na sexta-feira (12), Antonny Gabriel da Silva teria comido uma porção de couve durante o almoço com a família. A hortaliça era cultivada em uma horta da fazenda. A suspeita da polícia é de que houve excesso na quantidade do agrotóxico ou aplicação incorreta do produto.
Os parentes de Antony informaram ao G1 que o menino teve cinco paradas cardiorrespiratórias entre domingo (14) e segunda-feira. O corpo da criança foi enterrado nesta terça-feira (16). A família, que não quis se identificar, afirmou que nunca teve problemas com o cultivo na horta e que vai aguardar o resultado dos exames feitos no corpo do menino.
“A princípio essa hortaliça estava envenenada. Ele deu entrada no hospital com sintomas de intoxicação causada por um agrotóxico que foi usado. Todos os familiares também passaram mal. Eu chamei técnicos para avaliarem essa horta e apurar a responsabilidade”, disse ao G1 o delegado Albertino Felix de Brito Júnior.
Segundo o delegado, policiais devem investigar o atendimento feito nos três hospitais em que Antony foi socorrido. Os avós e os demais familiares ainda não prestaram depoimento à Polícia Civil. Os produtos usados na horta também vão ser avaliados pela polícia. O exame de necropsia deve ficar pronto entre cinco a 10 dias, conforme o delegado. "Nós abrimos o inquérito para apurar o que realmente aconteceu. Mas temos a certeza que a causa da morte foi por intoxicação", afirmou Júnior.
Atendimento
Segundo o médico que atendeu a família no Hospital Municipal de Porto dos Gaúchos, Ricardo Sanches Pereira, tanto a criança quanto os adultos apresentavam sintomas de intoxicação. Além da criança, a avó e o tio de Antony também passaram mal. A família relatou ao médico que há oito dias foi feita a aplicação de agrotóxico na couve.

“O menino piorou, teve vômito e outros sinais de intoxicação. Ele foi transferido para o hospital de Juara (690 km de Cuiabá) e atendido por uma pediatra. Depois precisou ser entubado e também transferido para uma UTI em Tangará da Serra”, comentou.

A avó e o tio do menino receberam alta e foram liberados do hospital. “O veneno, dependendo da concentração, pode variar de efeito conforme a pessoa. Possivelmente essa dose do veneno ficou mais tempo em contato com o organismo do menino e com isso ele absorveu mais que os adultos. Foi uma absorção tardia”, explicou o médico.

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terça-feira, 16 de junho de 2015

'Rei da soja', empresário Olacyr de Moraes morre aos 84 anos


O empresário Olacyr de Moraes, 84 anos, morreu na madrugada desta terça-feira (16) no Hospital Albert Einstein, em São Paulo, onde estava internado havia dois dias.
Havia um ano e meio, o "rei da soja" —como era conhecido— vinha lutando contra um câncer de pâncreas. Seu corpo será cremado ainda nesta terça no Cemitério Horto da Paz, em Itapecirica da Serra.
Nascido em Itápolis, no interior de São Paulo, em 1931, Moraes começou com uma pequena companhia de transporte de cargas, e se tornou um dos homens mais ricos do mundo nos anos 80 e 90, despontando como o mais jovem bilionário brasileiro a aparecer no ranking da "Forbes".
Ele comandou um império de 40 empresas que iam do setor de construção ao agropecuário, e chegou a ter 50 mil hectares de plantação de grãos, em especial nos Estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.
Na década de 70, Olacyr se aproveitou da cheia de 1973 do rio Missisipi, que arruinou as lavouras de soja dos Estados Unidos, para expandir a fronteira do grão no Centro-Oeste brasileiro.
Em seu auge, foi apontado como o maior plantador individual de soja, com patrimônio avaliado em mais de US$ 1,2 bilhão, até que os negócios decaíram e ele teve que se desfazer de grande parte de seu império.
Moraes era conhecido por estar constantemente acompanhado de belas mulheres, como a ex-modelo e miss Brasil Lyliah Virna, namorada do empresário nos anos 90. Ela tinha 18 anos quando engatou o relacionamento com ele, e lamentou a morte do empresário em entrevista à Folha.
Mesmo em seus últimos anos, Moraes era constantemente fotografado em festas e camarotes ao lado de garotas.
Em abril do ano passado, no entanto, voltou aos noticiários por motivos menos prosaicos. Seu motorista havia mais de 20 anos, Miguel Garcia Ferreira, matou o ex-senador boliviano Andres Fermin Guzmán, que ocupava o cargo de diretor internacional em uma das mineradoras do empresário.
Ele deu três tiros no boliviano próximo ao Palácio dos Bandeirantes, no Morumbi, enquanto lhe dava uma carona. Em depoimento à polícia, Miguel Ferreira disse que estava cansado de ver o chefe ser achacado por Guzmán.
Segundo pessoas próximas, o boliviano se aproveitava do empresário ao prometer que o transformaria no rei do minério. Guzmán pedia empréstimos constantes a Moraes alegando que precisava de verbas para que o negócio prosperasse. Ele estava com uma mala de dinheiro quando foi assassinado.
EMPRESÁRIO COMEÇOU VENDENDO MÁQUINAS DE COSTURA
Moraes se mudou aos oito anos para São Paulo. Aos 14, começou a trabalhar ajudando seu pai a vender máquinas de costura.
Depois de perder o emprego, seu pai usou o dinheiro da indenização para adquirir uma pequena empresa de entregas rápidas, a "Expresso Foguete", que se resumia a três caminhões Ford modelo 29.
Aos 19, já emancipado associou-se com o pai e o irmão na empresa de transporte de cargas, que prestava serviços para a prefeitura de São Paulo.
Em 1957, os irmãos abririam a Construção e Transportes Constran Ltda, voltada para obras no município. A empresa teve o capital aberto em 1971, quando passa a construir de pontes a usinas e os primeiros quilômetros do metrô da cidade, que se tornaria uma das maiores empreiteiras do país.
Depois de uma experiência com criação de gado no norte do Mato Grosso, em 1966, Moraes parte para a agricultura em 1973, com a Itamarati Agro Pecuária S. A., em Ponta Porã, no Mato Grosso do Sul.
A empresa com área de 50 mil hectares passou a cultivar milho, arroz, trigo, algodão e soja, cultura na qual continuaria investindo e que lhe daria o apelido de "rei da soja".
NOTA
Leia a íntegra da nota sobre a morte de Moraes postada em sua página oficial do Facebook:
"LUTO
É com profunda tristeza que comunicamos o falecimento do empresário Olacyr de Moraes, 84 anos, na manhã desta terça-feira, 16 de Junho de 2015, às 3:40 horas da manhã na cidade de São Paulo. Olacyr lutou bravamente contra um câncer de pâncreas descoberto no início de 2014 mas acabou sucumbindo à doença.
Olacyr de Moraes foi um dos maiores empreendedores do Brasil, desbravador e visionário, apostou no potencial agrícola do centro-oeste brasileiro investindo na pesquisa e produção de grãos e algodão em uma época em que poucos acreditavam que o solo dessa região fosse receptivo à essas culturas.
O resultado de seu empenho fez com que ele ganhasse o apelido de 'O Rei da Soja' por se tornar o maior produtor mundial desse grão no mundo e ajudando a elevar o Brasil à posição de um dos maiores produtores agrícolas do planeta. Durante sua carreira chegou a ter mais de 40 empresas nos setores de construção civil, agrícola e exploração de minérios.
Todos sentiremos muitas saudades."